Diante da tentativa de se afastar de conteúdos considerados ameaçadores ou inaceitáveis seja perante a sociedade ou do meio em que vive, o sujeito cria mecanismos de defesa para não ter que lidar com isso ou enfrentar. Porém se os mecanismos de defesa deixam de, minimamente funcionar, momento esse causador (causa-dor) da angústia, surgem dualidades de pensamentos como “o querer e o não poder”, “quero isso, mas não deveria”, ou a famosa frase “mas e se”, e por quanto “E se’s” não passamos ao longo da vida. E então começam a aparecer controvérsias, algumas coisas deixam de fazer sentido, não se encaixam, entram em conflito e geram angústia, mostrando dessa forma que há algo aí que não foi elaborado, ou seja, a angústia é o afeto que não engana, como diz Lacan. Ele aparece e tem a sua potência.
E ter um questionamento sobre isso tem sua função e importância, questionar significa querer entender. Devo dizer que na análise, por vezes, quebra-se conceitos pré-formulados, passa-se por um ‘não saber’ o que achava que sabia, para então, e assim, poder se movimentar de outras formas. E em querer entender (e é aí que vem a potência da angústia), que é possível construir novas compreensões de si mesmo.
Se a ansiedade aparece há algo que precisa ser dito, dar nome a aquilo que escapa à consciência e que se manifesta de maneiras sutis e simbólicas. Ao abordar o não dito, a psicanálise oferece ao sujeito a oportunidade de explorar essas contradições, conflitos e tensões sobre a vida. É um convite para desvelar aquilo que foi reprimido ou negado, não da maneira mais fácil, não por meio de conselhos ou dizeres do que deve fazer, mas traçando seu próprio percurso, enfrentando os desconfortos que emergem desse processo, para assim poder abrir caminhos, sempre de forma singular considerando os limites e escolhas de cada um. Não há promessas, mas possibilidades. Comprometa-se com você mesmo (a).